Estação Acessibilidade visual

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Deficiência visual

Trata-se da perda ou redução significativa da capacidade visual, com caráter definitivo, não sendo possível correção com tratamento clínico ou cirúrgico. A deficiência visual compreende a cegueira, a baixa visão e a visão monocular.

A cegueira pode ser congênita ou adquirida. Nessa condição, não há percepção visual de luz ou forma. Ela pode ser causada por fatores fisiológicos ou neurológicos;

Na baixa visão ou visão subnormal, há uma perda da visão que não pode ser totalmente corrigida por óculos ou lentes. É causada por fatores oftalmológicos, como degeneração macular, glaucoma, retinopatia diabética, ou catarata.

Na visão monocular, a perda visual acomete apenas um olho. Essa condição foi incluída como deficiência sensorial, do tipo visual, para todos os efeitos legais, recentemente por meio da Lei 14.126/2021.

Tecnologias assistivas (TA)

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146/2015, também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, traz, no artigo 3º, o conceito de tecnologia assistiva (TA) como sendo "produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social".

De acordo com Mara Lúcia Sartoretto e Rita Bersch, na página "Assistiva: tecnologia e educação", "tecnologia assistiva é um termo [...], utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão".

Para proporcionar uma melhor usabilidade para as pessoas com deficiência, são comercializados alguns dos dispositivos eletrônicos que já contam com recursos de acessibilidade. A seguir, veremos algumas das ferramentas mais conhecidas para cada público.

TA para deficiências visuais

O leitor de tela é uma tecnologia assistiva extremamente útil para quem tem deficiência visual. O Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG) define-o como "um software utilizado principalmente por pessoas cegas, que fornece informações através de síntese de voz sobre os elementos exibidos na tela do computador. Esses softwares interagem com o sistema operacional, capturando as informações apresentadas na forma de texto e transformando-as em resposta falada através de um sintetizador de voz. Para navegar utilizando um leitor de tela, o usuário faz uso de comandos pelo teclado".

Os leitores de tela mais conhecidos e usados no Brasil são:

  • JAWS (Job Access With Speech): desenvolvido pela Freedom Scientific e considerado por algumas pessoas da área como o melhor e mais completo leitor de tela para plataforma Windows. O software permite às pessoas cegas ou com baixa visão o acesso quase que total às principais funcionalidades do sistema, como manipulação de pastas e arquivos, configuração e personalização do sistema, criação e edição de documentos no pacote de escritório Office, navegação em sites, entre outras funcionalidades.
  • NVDA (Non Visual Desktop Access): é um leitor de tela gratuito e de código aberto para ambiente Windows, ou seja, é um software totalmente livre de custos, ao contrário do JAWS, que o valor da licença é inacessível à grande parte do público-alvo.
  • ORCA: assim como o NVDA, o Orca também é um software gratuito e de código aberto. O diferencial dele é funcionar em Sistema Operacional Linux. O Orca, além de leitor de tela, é também um ampliador de tela, possibilitando que pessoas com diversos graus de deficiência visual a utilização de apenas um programa para tornar o sistema acessível.
  • TalkBack: Talkback é um dos leitores de telas para equipamentos com a plataforma Android. O recurso viabiliza que pessoas com baixa ou perda total da visão possam interagir com tais dispositivos. A ferramenta permite que pessoas com Deficiência Visual realizem comandos que promovem, por meio de voz sintetizada, a sonorização dos itens presentes nas telas de smartphones e TVs, por exemplo, possibilitando o uso dessas tecnologias com autonomia.
  • VoiceOver: é um recurso de acessibilidade padrão que já vem instalado nos dispositivos da Apple. Essa ferramenta fornece descrições audíveis do que está na tela, desde o nível da bateria até quem está ligando e em qual app o seu dedo está posicionado. Ao acessar uma nova tela, o VoiceOver reproduz um som, e seleciona e fala o primeiro item na tela (normalmente, no canto superior esquerdo). O VoiceOver fala quando a tela muda da orientação horizontal para a vertical, quando a tela escurece ou é bloqueada e o que está ativado na tela bloqueada ao despertar o iPhone, por exemplo.
  • DOSVOX: não é bem um leitor de tela, mas sim um sistema computacional, ou seja, um conjunto de softwares que funcionam em um ambiente específico dentro do sistema operacional Windows. Foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ) e é o mais indicado para crianças, jovens ou para pessoas com deficiência visual que estejam começando a utilizar um computador. Grande parte das mensagens sonoras emitidas pelo DOSVOX é feita em voz humana gravada. Isso significa que ele é um sistema com baixo índice de estresse para o(a) usuário(a).

Compreendendo a audiodescrição

A audiodescrição (AD) é um recurso de acessibilidade que facilita o acesso a conteúdos audiovisuais (filmes, teatro, palestras e eventos) ou imagens estáticas (fotografias, gráficos, planilhas, museu, obras de arte) para pessoas com deficiência visual.

Segundo a audiodescritora Patrícia Braille (2021), audiodescrição é uma tradução que consiste em transformar imagens em palavras para apreciação, principalmente, de pessoas com deficiência visual e que se popularizou nas redes sociais por meio da hashtag #PraCegoVer. No TRE-CE, a hashtag utilizada, desde julho de 2021, é a #PraTodoMundoVer.

É importante destacar que, além de ser destinada para pessoas com deficiência visual, a audiodescrição também é voltada para pessoas com deficiência intelectual; idosas; disléxicas; no transtorno do espectro autista; com déficit de atenção; sem deficiência que desejam ampliar o senso de observação e o entendimento de espetáculos e produtos audiovisuais.

Conhecendo Braille

O Braille é um sistema que foi oficializado pelo Governo Francês em 1854 e no Brasil, começou a ser adotado já em 1856. O método possibilitou que pessoas com deficiência visual, parcial ou total, tivessem acesso à leitura.

Todo o sistema é formado por caracteres em relevo que permitem o entendimento por meio do tato. São 63 símbolos em relevos e combinações de até seis pontos e recebeu essa nomenclatura em homenagem ao francês Louis Braille, responsável pela criação desse código utilizado por Pessoas com Deficiência Visual.

A escrita é feita em papel próprio, mediante o uso de instrumentos que vão desde a reglete, também idealizada por Braille. Trata-se de uma régua especial, que pode apresentar variados números de linhas,, contendo janelas de seis furos, chamadas células. Nesse caso, A régua desliza sobre uma prancheta onde está o papel, que é pressionado para formar os pontos em relevo com o punção. Com a reglete, escreve-se da direita para a esquerda, com os símbolos invertidos. Há ainda máquinas para a escrita Braille e, em larga escala, é possível produzir grandes quantidades de material, através de sistemas computadorizados, que envolvem softwares e Impressoras específicos para produção de textos e até desenhos.

O Braille é lido passando-se a ponta dos dedos sobre os sinais de relevo. Normalmente usa-se a mão direita com um ou mais dedos, conforme a habilidade do leitor, enquanto a mão esquerda procura o inicio da outra linha. O sistema é subdividido em três graus: o grau 1 é a forma mais simples, em que se escreve letra por letra; o grau 2 é a forma abreviada, empregada para conjunções, preposições e pronomes mais comumente usados, como por exemplo, mas, de, você e por que; abreviaturas ainda mais complexas, como para –ista, -mente e –da- de, formam o grau 3, que exige ótima memória e tato muito desenvolvido.

O alfabeto Braille contribuiu efetivamente para a comunicação entre cegos, pois aplica-se a qualquer língua, à estenografia e à música e é utilizado em quase todos os países do mundo, com pequenas diferenças de uma região para outra.

TA para surdocegueira

A surdocegueira é caracterizada como um comprometimento, em diferentes graus, dos sentidos da visão e da audição das pessoas. Neste caso, destacamos a necessidade de um atendimento educacional especializado diferente daquele destinado ao(à) cego(a) ou ao(à) surdo(a), por se tratar de uma deficiência única com características específicas, principalmente, no que se refere à comunicação, à informação e à mobilidade.

A pessoa que tem surdocegueira pode se comunicar por meio da língua de sinais tátil, que consiste em Libras adaptada ao tato por meio do contato das mãos do indivíduo surdocego com as mãos do guia-intérprete.
Existe também o método Tadoma, que é quando o(a) surdocego(a) coloca o polegar sobre os lábios do(a) interlocutor(a) e mantém os outros dedos sobre sua mandíbula, bochecha e garganta, conseguindo, dessa forma, entender o que está sendo dito.

Além disso, surdocegos(as) podem contar com o alfabeto datilológico, que consiste na formação das letras do alfabeto por meio de diversas posições dos dedos das mãos, e do Sistema Braille tátil, que corresponde ao Braille tradicional adaptado para a pessoa surdocega.

- Última alteração em: 28/11/2022 11h30